“Há mar e mar, há usar e recuperar”

A ABAE, através do Programa Bandeira Azul, integra a campanha coletiva “Há mar e mar, há usar e recuperar” (@mar_usar_recuperar). Este movimento é composto por 40 associações, que trabalham pela implementação de um sistema de tara recuperável em Portugal, para que o maior número embalagens de bebidas seja devidamente encaminhado. O Objetivo da campanha é a existência de um sistema de tara recuperável que contemple todas as embalagens de bebidas: de plástico, de metal, de alumínio ou de vidro.

Seguir e partilhar a página @Mar_Usar_Recuperar e assinar a petição disponível em em tinyurl/taramar  são formas de contribuir ativamente para o sucesso desta campanha.

O que são sistemas de depósito com retorno (SDR)?

SDR são sistemas onde existe um pagamento de um depósito ou tara aquando da compra de um dado produto. Esse valor é depois devolvido, mediante a entrega da embalagem ou do  recipiente onde o produto estava acondicionado até à sua utilização. São mais conhecidos em Portugal por se aplicarem a embalagens reutilizáveis, mas também são muito utilizados para garantir a recolha de embalagens descartáveis1.

Por que devemos apoiar SDR?

O sistema de depósito permite alcançar metas de recolha de 90% das embalagens, garantindo maior disponibilidade de material para reciclagem. O sistema de depósito é mais eficaz do que a recolha seletiva porque atribui um valor às embalagens, depois de estas deixarem de ter utilidade para quem as comprou, incentivando a sua devolução para tratamento adequado, que pode ser a reutilização ou a reciclagem . Desta forma, a pressão nos ecossistemas, tanto do ponto de vista da poluição, devido à redução da quantidade de material abandonado no ambiente, como na produção de novos materiais, diminui.

Portugal tem, recorrentemente, dificuldade em cumprir as metas comunitárias de reciclagem, seja nos diferentes fluxos de resíduos (entre eles as embalagens de vidro), seja em relação ao total de resíduos urbanos. Assim, deve fazer uso de todas as estratégias que possam maximizar a recolha de embalagens para que, no futuro, os resultados sejam diferentes. Para além disso, para cumprir o Plano de Ação para a Economia Circular, é fundamental maximizar a recolha de materiais em fim de vida, sendo o vidro um dos mais simples de reintegrar na economia.

Por que razão todas as embalagens devem estar cobertas pelo SDR, inclusivamente o vidro?

A eficácia na recolha de embalagens será incomparavelmente superior. A inclusão de todos os materiais é apontada como um dos fatores de sucesso dos sistemas de depósito, pois previne a migração entre materiais por parte dos produtores que procuram “fugir” ao sistema de depósito e às maiores responsabilidades que terão, face ao atual sistema de recolha seletiva.

É mais vantajoso para aumentar a eficiência do fluxo do vidro no nosso país. O fluxo de qualquer material na economia compreende todas as fases desde a extração, processamento, produção, utilização (que pode ser repetida) e descarte final. Quanto menor for o desperdício em qualquer destas fases, melhor para a economia (maior eficiência) e para o ambiente (menor necessidade de recursos adicionais).

Segundo dados da própria indústria portuguesa, são colocadas cerca de 650 milhões de embalagens de bebidas em vidro no mercado nacional todos os anos. Face aos valores de recolha seletiva existentes em Portugal, tal significa que cerca de 325 milhões destas embalagens são desperdiçadas todos os anos através da sua colocação em aterro, incineração ou abandono, sendo incineradas ou abandonadas no ambiente.

Há vários anos que Portugal não cumpre as metas de reciclagem de vidro, sendo que o desempenho até piorou (a meta já foi cumprida anteriormente). Perante o aumento da exigência da meta para os próximos anos – 70% em 2025 e 75% em 2030 -, é crítico que Portugal aumente a capacidade de recolha de embalagens de vidro em fim de vida.

Sendo o vidro um material circular por excelência, qualquer garrafa abandonada, incinerada ou depositada em aterro representa uma perda enorme, dado que:

  • Existe desperdício do recurso;
  • A produção do vidro tem um enorme impacto ambiental – a reciclagem é muito mais benéfica e deve ser maximizada (o que só é possível com um sistema de depósito).

Incluir o vidro desde já é um facilitador da reutilização e prepara já o sistema (mesmo que parcialmente) para responder às necessidades decorrentes das metas de reutilização de embalagens previstas no Decreto-Lei n.º 102-D/2020.

Mais informações em:

Deposit Return Systems: an effective Instrument towards a Zero Waste Future

https://www.reloopplatform.org/wp-content/uploads/2021/01/DepositData_January-2021-Article-for-ResourceRecycling.pdf

https://oceana.org/sites/default/files/3.2.2020_just_one_word-refillables.pdf